IDH não é o único indicador do nosso retrocesso

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Estagnação, luz amarela, retrocesso. Estes foram os principais adjetivos usados pela coordenação do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) na apresentação do Índice de Desenvolvimento Humano de 2015. O Brasil ficou na mesma posição de 2014, em 79º lugar, no ranking que mede qualidade de vida, renda e escolaridade entre 188 países.

Os mesmos adjetivos escolhidos pela equipe do Pnud servem para descrever vários aspectos da economia brasileira nos últimos anos e o levantamento da ONU é mais um triste reflexo da sequencia cruel de erros cometidos pelo governo do PT, especialmente a partir de 2012. Se você achou ruim o IDH de 2015, feche os olhos e tampe os ouvidos no próxima ano, quando iremos conhecer o índice de 2016.

O duplo ano de recessão profunda teve em 2016 seu pior momento. A explosão do desemprego, a perda da qualidade no mercado de trabalho com milhões de brasileiros vivendo subempregados, e o último rescaldo da inflação elevada, corroeu a renda dos trabalhadores – mais do que o registrado em 2015.

Segundo a ONU, em 2015, 4 milhões de pessoas voltaram à situação de pobreza. Um cenário que certamente não teve nenhuma melhora no ano passado. Não poderia ser diferente depois de três anos seguidos de queda no PIB per capita: 0,4% em 2014,  4,6% em 2015 e 4,4% em 2016. Em toda década perdida da economia brasileira, nos anos 80, não sofremos uma perda tão perversa assim.

Esta realidade comprometeu a capacidade de superação de muitos brasileiros. Uma outra pesquisa mostrou que a depressão atinge 59% das pessoas, 63% delas estão estressadas ou nervosas e 62% dizem estar angustiadas. O levantamento foi feito Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). O desemprego, ou a ameaça constante dele, provocou piora no estado emocional da maioria dos cidadãos o que implica em perda de qualidade de vida, obvio.

Há mais dados que revelam retrocessos e acendem outra enorme luz amarela diante de nós. O panorama nacional da infância e adolescência foi apresentado nesta terça-feira (21) pela Fundação Abrinq e mostrou que o Brasil tem 2,6 milhões de crianças e adolescentes (entre 5 e 17 anos) em situação de trabalho infantil.  A pesquisa também revela que 17,3 milhões de crianças de 0 a 14 anos, equivalente a 40,2% da população brasileira nessa faixa etária, vivem em domicílios de baixa renda.

A crise que o país enfrentou nos últimos três anos foi cruel. E deixou marcas profundas na estrutura da sociedade brasileira. O IDH serve como reconhecimento da nossa pobreza e deveria servir como um espelho do que não queremos ser. Assim como os levantamentos do SPC e da Abrinq.

A recuperação deste poço tão profundo não vai depender apenas do bom desempenho da agricultura, ou da retomada da indústria nacional. Ela passa pelas reformas estruturais, pela redução da burocracia, dos juros e pela eficiência dos gastos públicos, claro. Mas ainda será pouco. Por justiça social, honestidade intelectual e correção moral, só poderemos considerar superado este período depois que o Brasil devolver aos brasileiros, apenas para começar, a qualidade de vida perdida nos últimos três anos.

por G1