Haddad espera resposta de Ciro até sexta e busca palanques com Paes e Márcio França.

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Ciro Gomes (PDT) ouve fala de Fernando Haddad (PT) durante debate para presidente na TV Globo — Foto: Marcos Serra Lima/G1

O candidato do PDT à Presidência da República derrotado no primeiro turno Ciro Gomes já sinalizou a interlocutores de Fernando Haddad que aceita se integrar à campanha do petista, mas aguardará a decisão oficial do PDT antes de bater o martelo.

A campanha de Haddad espera que Ciro tome uma decisão até sexta-feira (12).

Nesta terça-feira (9), Haddad se reunirá com governadores eleitos, para decidir como cada um vai participar da campanha e coordenar trabalhos em seus estados. Principalmente os aliados do PcdoB e do PSB. Para o PT, Flávio Dino (PCdoB-MA) e Paulo Câmara (PSB-PE) são fundamentais.

Haddad pediu a emissários que fossem ao Espírito Santo, em busca do apoio de Paulo Hartung e Renato Casagrande.

Mas, atualmente, o principal problema de Haddad são os palanques em São Paulo e no Rio de Janeiro. O candidato presidencial do PT quer convencer Eduardo Paes (DEM) e Márcio França (PSB) a apoiarem sua campanha, mas o antipetismo nos dois estados é o grande obstáculo para Haddad.

Pessoalmente, Haddad tem ótima relação com Paes e França mas, como diz um aliado de Haddad, “o PT é o PT” e Jair Bolsonaro tem alta votação nestas duas bases eleitorais.

A principal aposta de Haddad é França, uma vez que os canais com o PSB estão mais abertos.

Mudanças no tom
Na campanha do PT, aliados de Haddad comemoraram as mudanças em seu discurso na noite desta segunda-feira (8), em entrevista no Jornal Nacional.

A entrevista ocorreu após visita de Haddad a Lula em Curitiba. O ex-prefeito tem sido pressionado a se distanciar de Lula, para assumir uma posição mais autônoma. Nesta segunda, na conversa na cadeia, Lula liberou Haddad das visitas semanais, mas o candidato ainda não decidiu o que fará. Tem mais facilidade para se desvincular do PT do que do padrinho.

Além disso, a ala mais ligada ao ex-prefeito cobra do PT uma autocrítica pública para recuperar votos de redutos lulistas que migraram para Bolsonaro. O grupo quer que o PT reconheça seu desgaste por conta dos escândalos de corrupção envolvendo o PT, após o recado das urnas que derrotou petistas históricos e garantiu uma votação enorme a Bolsonaro, que entoa o discurso anticorrupção.

Nos bastidores, este grupo compara a postura do PT a de tucanos que costumam dizer que o interlocutor não entendeu o que eles queriam dizer, quando alguém discorda de alguma posição do PSDB, ou quando são contrariados.

No caso de petistas que resistem a reconhecer erros, a legenda parece repetir a postura dos tucanos: prefere passar a ideia de que, para o PT, foi o eleitor quem errou – já que discordou do projeto da legenda nos estados, elegendo aliados de Bolsonaro, além de garantir uma larga vantagem ao candidato do PSL no primeiro turno – e não o partido, que passou os últimos anos entoando discursos de vitimização ao invés de assumir os malfeitos cometidos com dinheiro público e erros na gestão econômica, que levou o país à crise atual.

Por Andréia Sadi – G1